Em um mundo marcado por volatilidade e tensões, reconhecer ameaças antecipadamente é essencial para proteger o património e manter a confiança dos investidores.
Neste artigo, exploraremos os principais riscos que podem afetar as suas finanças, oferecendo estratégias práticas para uma gestão proativa e resiliente.
A área do euro mantém um nível médio-alto de incerteza devido a fatores internacionais, como conflitos e políticas protecionistas. A incerteza em torno das perspetivas de crescimento força as instituições financeiras a reavaliar a sua capacidade de resistência.
Adicionalmente, a persistente incerteza em torno das perspetivas macroeconómicas e as crescentes ameaças geopolíticas intensificam a necessidade de um controlo prudencial rigoroso, de modo a mitigar potenciais choques no sistema financeiro.
Estes quatro vetores globais moldam o ambiente económico mundial, influenciando decisões de investimento e políticas governamentais que podem criar ciclos de expansão ou contração.
Para as empresas em Portugal, estes riscos traduzem-se em desafios operacionais, sociais e ambientais que exigem estratégia integrada de mitigação e adaptação a novas tecnologias e práticas sustentáveis.
O setor financeiro atua como pilar fundamental da economia, interligando depositantes, investidores e empresas. A sua robustez é essencial para manter a confiança dos mercados e assegurar liquidez em momentos de stress.
Embora os créditos não produtivos (NPL) tenham aumentado lentamente, certos segmentos vulneráveis, como o imobiliário comercial e PME, exibem uma expansão mais acentuada. A diminuição progressiva dos rácios de cobertura levanta preocupações quanto à adequação das provisões face a riscos emergentes.
As deficiências nos regimes baseados na IFRS 9, bem como lacunas em constituição de provisões, originação e classificação de empréstimos, foram identificadas no SREP de 2024. Estas falhas podem resultar em exposições não refletidas corretamente no balanço.
Para mitigar estas vulnerabilidades, é recomendável reforçar os modelos internos de rating, aumentar a qualidade e frequência das avaliações de colaterais e adotar ferramentas avançadas de análise de dados.
As instituições de crédito enfrentam crescentes ciberameaças e dependência de terceiros, que desafiam os seus quadros de resiliência operacional. Em 2023 e início de 2024, o número de incidentes significativos manteve-se elevado, impulsionado pela intensificação das tensões geopolíticas.
Mais de 10% dos contratos que cobrem funções críticas não cumprem a regulamentação, enquanto os elementos de tecnologias de informação foram apontados como o principal fator negativo no SREP. A avaliação de riscos de concentração em prestadores de serviços e localizações geográficas é agora imperativa.
Uma gestão eficaz deve incluir auditorias regulares de segurança cibernética, contratos de serviço claros e diversificação de fornecedores que minimize riscos geográficos e de concentração.
Muitas instituições ainda não alinharam totalmente as suas estratégias financeiras com as metas de sustentabilidade. A falta de alinhamento com metas climáticas da UE expõe estes atores a riscos jurídicos e de crédito, já que 70% permanecem vulneráveis a fenómenos climáticos extremos.
Para além dos riscos físicos, como eventos climáticos extremos, os riscos de transição relacionados com políticas verdes e mudanças de mercado podem afetar a rentabilidade de ativos intensivos em carbono.
À medida que a relevância destes riscos aumenta no sistema financeiro, torna-se crucial implementar práticas de disclosure e cenários de stress climático para antecipar as possíveis consequências.
O mercado apresenta atualmente uma volatilidade acentuada dos preços dos ativos financeiros, consequência da incerteza económica e geopolítica global. Esta oscilação crescente pode levar a correções abruptas, afetando tanto investidores institucionais quanto particulares.
A alta volatilidade é acelerada por decisões de política monetária dos principais bancos centrais, variações de taxas de juro e oscilações nos preços das commodities.
Embora o nível geral de interligação seja médio-baixo, verifica-se um aumento na concentração de ativos por grupo económico e setor de atividade, o que pode potenciar efeitos sistémicos em caso de choques específicos.
A concentração de ativos pode originar efeitos de contágio, em que dificuldades num setor específico propagam-se a outros, agravando crises locais ou regionais.
Os riscos geopolíticos, pela sua natureza transversal, podem agravar vários domínios, desde riscos de governo até operações bancárias. Sanções financeiras e ciberataques são exemplos de vetores que podem deteriorar rapidamente os perfis de risco das instituições.
Exemplos recentes mostram como sanções a grandes economias ou conflitos em regiões produtoras de energia podem desestabilizar preços do petróleo e do gás natural, repercutindo-se nas taxas de juro e inflação.
Esta diversidade de categorias exige que as seguradoras adotem uma abordagem holística, equilibrando reservas, diversificação de carteiras e gestão de liquidez para cumprir obrigações a longo prazo.
A instabilidade política em Portugal fortalece a incerteza económica e pode agravar riscos de mercado, crédito e liquidez, tornando imperativo o acompanhamento diário dos desenvolvimentos legislativos e de governação.
A incerteza sobre políticas fiscais, alterações regulatórias e possíveis mudanças de governo pode afetar diretamente a perceção de risco, afastando investidores e aumentando o custo do capital.
Ao longo de 122 anos, as ações registaram um retorno real médio anual de 5,3%, contra 2% nas obrigações, evidenciando a clássica relação risco-retorno no longo prazo.
Com base nestes dados, investidores podem calibrar os seus portfólios, ponderando diferentes classes de ativos segundo o horizonte temporal e tolerância ao risco.
As criptomoedas, por serem um mercado recente e volátil, apresentam características de alto risco e pouca previsibilidade histórica, o que requer cuidadosa ponderação antes de qualquer exposição significativa.
Além das criptomoedas, outros ativos emergentes, como NFTs e instrumentos de finanças descentralizadas, requerem estudo aprofundado antes de qualquer alocação significativa.
A chave para enfrentar este cenário complexo está na diversificação inteligente de portfólios, na vigilância constante de indicadores macroeconómicos e na adoção de planos de contingência robustos.
Recomenda-se a revisão periódica das políticas de risco e compliance, a implementação de stress tests e cenários de crise, bem como o fomento de uma cultura interna de gestão de riscos, garantindo assim a resiliência contínua dos seus investimentos num ambiente cada vez mais imprevisível.
A educação contínua e o acompanhamento de análises especializadas permitem identificar novas ameaças, garantindo decisões mais informadas e oportunas.
Referências