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Proteção Financeira
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No Radar: Identifique e Evite Riscos Financeiros

No Radar: Identifique e Evite Riscos Financeiros

21/12/2025 - 01:32
Yago Dias
No Radar: Identifique e Evite Riscos Financeiros

Em um mundo marcado por volatilidade e tensões, reconhecer ameaças antecipadamente é essencial para proteger o património e manter a confiança dos investidores.

Neste artigo, exploraremos os principais riscos que podem afetar as suas finanças, oferecendo estratégias práticas para uma gestão proativa e resiliente.

Contexto Macroeconómico e Geopolítico

A área do euro mantém um nível médio-alto de incerteza devido a fatores internacionais, como conflitos e políticas protecionistas. A incerteza em torno das perspetivas de crescimento força as instituições financeiras a reavaliar a sua capacidade de resistência.

Adicionalmente, a persistente incerteza em torno das perspetivas macroeconómicas e as crescentes ameaças geopolíticas intensificam a necessidade de um controlo prudencial rigoroso, de modo a mitigar potenciais choques no sistema financeiro.

Principais Riscos Globais

  • Riscos ambientais
  • Riscos tecnológicos
  • Riscos económicos
  • Riscos geopolíticos

Estes quatro vetores globais moldam o ambiente económico mundial, influenciando decisões de investimento e políticas governamentais que podem criar ciclos de expansão ou contração.

Principais Riscos para Organizações Portuguesas

  • Riscos sociais
  • Riscos tecnológicos
  • Riscos económicos
  • Riscos ambientais

Para as empresas em Portugal, estes riscos traduzem-se em desafios operacionais, sociais e ambientais que exigem estratégia integrada de mitigação e adaptação a novas tecnologias e práticas sustentáveis.

Riscos do Setor Financeiro e Bancário

O setor financeiro atua como pilar fundamental da economia, interligando depositantes, investidores e empresas. A sua robustez é essencial para manter a confiança dos mercados e assegurar liquidez em momentos de stress.

Risco de Crédito

Embora os créditos não produtivos (NPL) tenham aumentado lentamente, certos segmentos vulneráveis, como o imobiliário comercial e PME, exibem uma expansão mais acentuada. A diminuição progressiva dos rácios de cobertura levanta preocupações quanto à adequação das provisões face a riscos emergentes.

As deficiências nos regimes baseados na IFRS 9, bem como lacunas em constituição de provisões, originação e classificação de empréstimos, foram identificadas no SREP de 2024. Estas falhas podem resultar em exposições não refletidas corretamente no balanço.

Para mitigar estas vulnerabilidades, é recomendável reforçar os modelos internos de rating, aumentar a qualidade e frequência das avaliações de colaterais e adotar ferramentas avançadas de análise de dados.

Risco Operacional e Cibersegurança

As instituições de crédito enfrentam crescentes ciberameaças e dependência de terceiros, que desafiam os seus quadros de resiliência operacional. Em 2023 e início de 2024, o número de incidentes significativos manteve-se elevado, impulsionado pela intensificação das tensões geopolíticas.

Mais de 10% dos contratos que cobrem funções críticas não cumprem a regulamentação, enquanto os elementos de tecnologias de informação foram apontados como o principal fator negativo no SREP. A avaliação de riscos de concentração em prestadores de serviços e localizações geográficas é agora imperativa.

Uma gestão eficaz deve incluir auditorias regulares de segurança cibernética, contratos de serviço claros e diversificação de fornecedores que minimize riscos geográficos e de concentração.

Riscos Climáticos e Ambientais

Muitas instituições ainda não alinharam totalmente as suas estratégias financeiras com as metas de sustentabilidade. A falta de alinhamento com metas climáticas da UE expõe estes atores a riscos jurídicos e de crédito, já que 70% permanecem vulneráveis a fenómenos climáticos extremos.

Para além dos riscos físicos, como eventos climáticos extremos, os riscos de transição relacionados com políticas verdes e mudanças de mercado podem afetar a rentabilidade de ativos intensivos em carbono.

À medida que a relevância destes riscos aumenta no sistema financeiro, torna-se crucial implementar práticas de disclosure e cenários de stress climático para antecipar as possíveis consequências.

Risco de Mercado

O mercado apresenta atualmente uma volatilidade acentuada dos preços dos ativos financeiros, consequência da incerteza económica e geopolítica global. Esta oscilação crescente pode levar a correções abruptas, afetando tanto investidores institucionais quanto particulares.

A alta volatilidade é acelerada por decisões de política monetária dos principais bancos centrais, variações de taxas de juro e oscilações nos preços das commodities.

Riscos de Interligações

Embora o nível geral de interligação seja médio-baixo, verifica-se um aumento na concentração de ativos por grupo económico e setor de atividade, o que pode potenciar efeitos sistémicos em caso de choques específicos.

A concentração de ativos pode originar efeitos de contágio, em que dificuldades num setor específico propagam-se a outros, agravando crises locais ou regionais.

Impacto dos Riscos Geopolíticos

Os riscos geopolíticos, pela sua natureza transversal, podem agravar vários domínios, desde riscos de governo até operações bancárias. Sanções financeiras e ciberataques são exemplos de vetores que podem deteriorar rapidamente os perfis de risco das instituições.

Exemplos recentes mostram como sanções a grandes economias ou conflitos em regiões produtoras de energia podem desestabilizar preços do petróleo e do gás natural, repercutindo-se nas taxas de juro e inflação.

Setor Segurador Português

  • Macroeconómico
  • Crédito
  • Mercado
  • Liquidez
  • Rendibilidade e solvabilidade
  • Interligações
  • Específicos de seguros vida
  • Específicos de seguros não vida

Esta diversidade de categorias exige que as seguradoras adotem uma abordagem holística, equilibrando reservas, diversificação de carteiras e gestão de liquidez para cumprir obrigações a longo prazo.

Contexto Político Nacional

A instabilidade política em Portugal fortalece a incerteza económica e pode agravar riscos de mercado, crédito e liquidez, tornando imperativo o acompanhamento diário dos desenvolvimentos legislativos e de governação.

A incerteza sobre políticas fiscais, alterações regulatórias e possíveis mudanças de governo pode afetar diretamente a perceção de risco, afastando investidores e aumentando o custo do capital.

Retornos de Investimento Históricos

Ao longo de 122 anos, as ações registaram um retorno real médio anual de 5,3%, contra 2% nas obrigações, evidenciando a clássica relação risco-retorno no longo prazo.

Com base nestes dados, investidores podem calibrar os seus portfólios, ponderando diferentes classes de ativos segundo o horizonte temporal e tolerância ao risco.

Características de Ativos de Risco Elevado

As criptomoedas, por serem um mercado recente e volátil, apresentam características de alto risco e pouca previsibilidade histórica, o que requer cuidadosa ponderação antes de qualquer exposição significativa.

Além das criptomoedas, outros ativos emergentes, como NFTs e instrumentos de finanças descentralizadas, requerem estudo aprofundado antes de qualquer alocação significativa.

Como se Preparar e Proteger seus Investimentos

A chave para enfrentar este cenário complexo está na diversificação inteligente de portfólios, na vigilância constante de indicadores macroeconómicos e na adoção de planos de contingência robustos.

Recomenda-se a revisão periódica das políticas de risco e compliance, a implementação de stress tests e cenários de crise, bem como o fomento de uma cultura interna de gestão de riscos, garantindo assim a resiliência contínua dos seus investimentos num ambiente cada vez mais imprevisível.

A educação contínua e o acompanhamento de análises especializadas permitem identificar novas ameaças, garantindo decisões mais informadas e oportunas.

Yago Dias

Sobre o Autor: Yago Dias

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